Coletivo G0 e G1 juntos dialogando sobre o livro “Coisas de Índio – Versão Infantil” (Daniel Munduruku)
Breve relato de experiência com as crianças do projeto Deskobrir da Unidade Casa Emilien Lacay – Cidade de Deus
Por Camila Novaes, Emannuele Santos, Karina Costa e Andrissia Gomes
“É preciso adiar o fim do mundo para contar mais histórias” – Ailton Krenak
O projeto DesKobrir vem desvendando várias temáticas que refletem um protagonismo de corpos plurais. Nossos planejamentos caminham em uma construção para que as crianças e adolescentes protagonizem os seus sonhos em sua plenitude, proporcionando memórias que potencializam seu futuro. Por isso, ao longo do ano e durante nosso percurso pedagógico, nossas crianças viveram experiências nas quais foram construídos e reconstruídos em um ambiente de escuta ativa e afetiva, interações e de florescimento da consciência racial.
Durante toda esta jornada, esbarramos neste lugar de compreensão e construção da identidade, coletividade, respeito e diversidade com os nossos pares, em especial com as pessoas dos povos pretos e originários envolvidas em nossas atividades. Refletimos juntos e juntas através de rodas de saberes, pesquisas, brincadeiras, atividades e histórias que valorizam e resgatam a importância de nossas memórias ancestrais. Esses momentos evidenciam os valores afros civilizatórios, traçados pela pedagoga Azoilda Loretto da Trindade e nos apoiam na construção cotidiana de uma pedagogia antirracista, fortalecendo um ambiente transformador.
Aluna da turma G1 lendo para o seu coletivo o livro: “Sinto o que sinto: e a incrível história de Asta e Jaser”de autoria de Lazaro Ramos, com ilustração de Ana Maria Sena, editora Carochinha.
Vale destacar que dentre diversas atividades, sempre de natureza antirracista, desemparedadas e inclusivas, ressalta-se a contação de histórias dos livros “Sinto o que sinto: e a incrível história de Asta e Jaser” de Lázaro Ramos e “Coisas de Índio – Versão Infantil” escrito por Daniel Munduruku, pois ambos têm sido um referencial de nosso trabalho. Por meio deles foram aguçados e ampliados o repertório cultural de nossa comunidade educadora: crianças, famílias, educadores e educadoras docentes, todos juntos.
As crianças, através desses dois livros mergulharam como protagonistas em uma pequena vivência com dois povos distintos (povos indígenas Munduruku e os povos do Vale do Rio Omo), visto que ambos possuem características marcantes que dizem respeito aos seus ancestrais e também as relações de harmonia e respeito com a natureza.
Crianças da turma G0 (4 A 6 anos) pintando o Rio Omo
Portanto, a transformação que estamos vivendo passa fundamentalmente pelo fortalecimento dos saberes étnico e raciais. E ao criar condições para as práticas antirracistas, desenvolvemos tanto as habilidades para uma visão mais sensível da nossa realidade quanto a compreensão da importância de se olhar para o passado visando a construção de um novo futuro. Por isso, criar a cultura que sonhamos é o nosso compromisso mais urgente. E precisa ser feito agora!
Saiba mais:
Matéria Portal Lunetas sobre o livro “Sinto o que Sinto”, de Lazaro Ramos: https://lunetas.com.br/lazaro-ramos-livro-emocoes/
Blog do Daniel Munduruku, autor do livro “Coisas de Índio”: https://danielmunduruku.blogspot.com/
História e trajetória de Azoilda Loretto da Trindade: https://www.youtube.com/watch?v=i20AgKwBpDo
Camila Novaes é assistente pedagógica do projeto DesKobrir da Rede Cruzada, está na Rede Cruzada há 14 anos. É mãe do Lucas, Talles e Sofia.
Emmanuele Santos é educadora social da turma G0 (4 a 6 anos). Pedagoga e apaixonada por infâncias.
Karina Costa é educadora social da turma G1 (6 a 8 anos). Pedagoga e apaixonada por manifestações culturais afro-brasileiras.
Andrissia Gomes é estagiária das turmas G0 e G1 e está no 7 ° período de Pedagogia.