Por Isis Flora e Simone Borges*
Ao longo dos últimos anos, profissionais da saúde e da educação estão ampliando as reflexões sobre a urgência da promoção de uma alimentação saudável para crianças e adolescentes. Cada vez mais escutamos frases, como: “vamos abrir menos embalagens”; “vamos preparar nossas refeições”, “vamos colher nossos alimentos”! A ampliação do olhar esta ligada diretamente à saúde de nossas crianças e adolescentes, pois já existem pesquisas que comprovam o quanto alguns alimentos podem ter ligação direta com a obesidade infantojuvenil e/ou com a falta de nutrientes fundamentais para o desenvolvimento das crianças.
A partir dessas reflexões mais profundas e necessárias, consideramos importante destacar que em julho deste ano foi sancionada, via decreto nº 52.842, pelo prefeito do município do Rio de Janeiro, a Lei Municipal que determina a substituição nas cozinhas e cantinas das escolas as bebidas e os alimentos ultraprocessados. Esta Lei visa garantir nos ambientes escolares a oferta de alimentos mais saudáveis para crianças, adolescentes e profissionais da educação.
A escola tem um papel fundamental na construção dos hábitos alimentares das crianças, podendo instruir as famílias sobre o valor nutricional dos alimentos e abrir espaços para trocas e rodas de conversa com o objetivo de ampliar a promoção da saúde, crescimento e desenvolvimento de qualidade. Alimentação saudável não é uma escolha, é um direito!
Neste cenário, a Rede Cruzada procura trazer este tema para o dia a dia das crianças e adolescentes enquanto prática pedagógica com atividades lúdicas e também na elaboração e apresentação das refeições. Crianças bem alimentadas, têm maiores possibilidades de manter o interesse e a concentração durante as atividades pedagógica, além de apresentar maior disposição para brincar e explorar os espaços.
Durante todo este ano (2023), as equipes pedagógicas de nossas quatro unidades participaram ativamente da manutenção das hortas em seus espaços e comunidades. Ter uma horta na creche e/ou na comunidade na qual a unidade está inserida, é uma estratégia de aproximar as crianças para este plantio, compreendendo através da vivência todas as etapas para que uma semente ou muda venha a nascer, crescer e ser colhida para servir de alimento, incentivando também o consumo de hortaliças, legumes e verduras.
As crianças participaram de todo o processo desde o contato com a terra, semearam e plantaram as mudinhas. Regaram, observaram o desenvolvimento das plantas até o momento de colher, participando do preparo e da experimentação. Desta forma, puderam conhecer e observar o desenvolvimento de batata doce, milho, beterraba, morangos, alface, alecrim, cebolinha, mostarda, entre outros. As crianças realizaram receitas, como: bolo de milho, sacolé de morango, bolo de batata, aipim cozido, entre outros.
Além do incentivo para que as crianças criem um hábito alimentar saudável, elas passam essa proposta para suas famílias, quando levam um bolo de batata feito por elas para casa.
Quando colocamos a criança como protagonista do processo, estimulando a curiosidade, o prazer por experimentar novos sabores, novas texturas, desenvolvemos assim bons hábitos de alimentação, e consequentemente se tornarão adultos mais saudáveis.
Rede Cruzada indica:
Cartilhas sobre obesidade infantojuvenil e alimentação saudável da Desiderata (OSCIP): desiderata.org.br
Instagram: @favela_organica (Regina Tchelly)
*Isis Flora, mestre em educação e psicopedagoga.
Simone Borges é pedagoga, mãe do Felipe e assistente pedagógica da Unidade Daschú – São José do Vale do Rio Preto.