Fernanda Moreira
Sempre acreditei na importância e na força do terceiro setor para transformação da sociedade e há anos estou vinculada à uma reconhecida ONG via apadrinhamento financeiro de uma criança. Mas foi em 2020, ao iniciar uma pós-graduação na área da educação, que cogitei trabalhar efetivamente de forma voluntária. Me parecia uma boa oportunidade para troca de saberes e experiências neste momento de transição de carreira. Eu entraria com minha experiência profissional, acumulada em anos de atuação nas áreas financeira e de gestão de projetos do mundo corporativo, enquanto poderia vivenciar um pouco da rotina da área pedagógica e criar relacionamentos importantes no segmento.
Foi num papo informal com uma amiga, profissional de RH, que escutei: “Vou te colocar em contato com o Renato Senna. Você precisa conhecer a trajetória dele e o trabalho que ele está fazendo na Rede Cruzada”. Daí foram alguns meses de conversa e “namoro”, até que eu fosse finalmente anunciada como voluntária e parte do time em meados de 2021.
Logo de cara me deparei com uma instituição social orgulhosa de sua história centenária, mas em plena e intensa jornada de transformação. Revisão de propósito, mudança de cultura organizacional e gestão colaborativa eram temas recorrentes das reuniões. Dentre inúmeras experiências ricas que vivenciei ao longo dos últimos meses, tive o privilégio de assistir discussões totalmente “fora da caixa” sobre educação infantil, acompanhar a implementação do protótipo do contraturno para crianças e jovens de 6 a 18 anos, participar e comemorar a vitória da Rede Cruzada no Edital do Instituto Órizon, ver nascer o novo documento norteador do trabalho pedagógico e talvez a principal: de certa forma fazer parte da definição do grande SONHO da Rede Cruzada: transformar a sociedade via construção e implementação de uma tecnologia social e educacional – com abordagem integral e inovadora – que possa ser replicada para além dos muros da instituição.
Quando eu achei que doar meu tempo e minha experiência profissional fosse o mais relevante nessa parceria, eu descobri que tinha muito mais a receber. Trabalho voluntário definitivamente vai além de qualquer tipo de doação. É sobre mudar as lentes com que se enxerga o mundo, questionar o seu lugar de privilégio na sociedade, refletir sobre o futuro de forma diferente, querer agir e influenciar pessoas e, inclusive, rever a forma como se cria e educa os próprios filhos. Aumenta a autoestima e o bem-estar não apenas dos beneficiários diretos do trabalho, mas de quem o pratica.
Agradeço imensamente à Rede Cruzada pela oportunidade de tanto aprendizado, mas principalmente pela transformação que vem ocorrendo dentro de mim e que já reverbera ao meu redor.
Por: Fernanda Moreira, voluntária que trabalha
com gestão de projetos na Rede Cruzada