Isis Flora e Thayná Adriano
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo,
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Paulo Freire,1987 p. 68
Como, sabiamente, nos fala Paulo Freire, a educação acontece na interação entre as pessoas, proporcionando assim as trocas e o processo de aprendizagem. Dessa forma, acreditamos que dentro dos ambientes escolares todas as pessoas participam do processo de educação das crianças e adolescentes.
Ao longo desta reflexão, reconhecemos que uma escola, certamente, abrange mais do que espaços, salas de aula e professores e que precisamos de toda uma rede para que seja criado um ambiente educacional.
Isso nos leva a refletir sobre: como podemos garantir e implementar de forma eficaz propostas que proporcionem e incentivem os movimentos de trocas e aprendizagem, ao mesmo tempo em que enfrentamos desafios em sua aplicação prática devido às nossas rotinas diárias? Essa pergunta contraditória nos convida a explorar a conexão entre intenção e ação, criando uma oportunidade para soluções.
Vamos viajar pelo universo escolar juntos? Pare um instante para pensar em uma creche, por exemplo: você já percebeu que é um mundo repleto de encantos além das salas e dos professores? Aquela equipe incrível que mantém tudo organizado, os guardiões do bem-estar e segurança, a admirável equipe da cozinha que nos presenteia com refeições deliciosas e nutritivas. Então, todos eles desempenham um importante papel na jornada educacional das crianças.
Vamos começar pelo alicerce: um ambiente limpo e adequado. Sabe a sensação gostosa de entrar em um espaço aconchegante? Isso não é apenas para enfeitar, é uma parte importante da fórmula que faz as crianças se sentirem à vontade para aprender e explorar. E falando em conforto, segurança e bem-estar, essas são as estrelas que guiam essa nave. É difícil focar na aprendizagem quando a mente está preocupada com outras coisas, não acha? Essas pessoas que cuidam tão bem da higiene e da organização do espaço compõem uma parte importante deste processo. Elas fazem parte do nosso dia a dia, conhecem todas as crianças e estão sempre com um sorriso nos lábios e dispostas a nos ajudar quando terminamos nossas belas atividades com tinta, terra, água, entre tantos outros materiais.
E agora, imagine só se a gente não se alimentasse direito? O que comemos não é apenas para matar a fome. Uma nutrição adequada faz o cérebro das crianças funcionar bem, influenciando diretamente a forma como elas pensam e aprendem. Neste processo, a equipe da cozinha vai até as nossas salas, ao nosso refeitório para nos apresentar as diferentes frutas, legumes, verduras e nos contar as propriedades e benefícios dessa alimentação que vem da terra.
Existe um grupo de funcionários que fica mais nos bastidores, aqueles que muitas vezes atuam discretamente e são os responsáveis por garantir que tudo esteja em perfeita ordem, desde a estrutura até a luz que ilumina nosso caminho, são os verdadeiros magos da equipe de manutenção, administrativa. Além dessa função, nos apoiam na locomoção pelos espaços e na descoberta de experimentos tão interessantes, como a função de manter uma calha sem folhas durante os períodos de chuva e a importância de cuidar da terra para que as sementes possam crescer, entre tantas outras coisas que aprendemos com eles.
Cada pessoa que faz parte da unidade escolar e, não importa a função, é um elo valioso na comunicação e no apoio às crianças e adolescentes. As formas como eles agem e se comportam moldam o ambiente escolar, afetando a maneira como todos se relacionam e aprendem. E as atividades divertidas e eventos especiais? Eles são como portais para novas aventuras, ajudando as crianças a crescerem, explorarem novos horizontes e construírem amizades para toda a vida.
Cada uma das pessoas que compõem a comunidade escolar é uma peça fundamental desse quebra-cabeça. Portanto as trocas entre os adultos também são cruciais e devem fazer parte do nosso planejamento, pois juntos conseguem criar um espaço incrível para as crianças aprenderem e crescerem. Afinal, como diz o provérbio africano, “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Que possamos ser uma aldeia hoje e sempre fazendo a diferença para todas as crianças.
Referência:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Fig 2 e 4. Registros voluntários feitos pela fotógrafa Bárbara Dias.
Isis Flora é mestre em educação e psicopedagoga. Atua como gerente pedagógica da Rede Cruzada.
Thayná Adriano, pedagoga com especialização em psicopedagogia, gestão e neurociência, está atualmente desempenhando o papel de pedagoga na unidade Emilien Lacay – CDD da Rede Cruzada.