Por Cláudia Linhares* 

Diante de todos os movimentos em torno da garantia de direitos da pessoa com deficiência, um debate sempre se faz presente e tende a insistir quando colocamos na pauta que lugar de todas as crianças é na escola! Não há em tempos atuais quem conteste esse direito, mas quando transferimos o mesmo para atender as crianças com deficiência e Transtorno do Espectro Autista sempre há espaço para abrir um parêntese que as vezes é tão gigante que ofusca o brilho do direito a pertencer a própria vida!

Fato é que na época em que que a LBI (Lei Brasileira da Inclusão) era discutida e organizada a fala legítima de quem vive nesse lugar, sempre foi que de todas as barreiras enfrentadas a mais doida e que mais traz a marca cultural da impossibilidade, é sem dúvida a barreira atitudinal!

Uma escola é feita por gente… não importa o papel que ocupe, mas é gente que movimenta o cenário escolar… gente que na maioria das vezes se constituiu na escola da igualdade, onde havia um projeto de escola que erroneamente entendia que todos podiam, tudo igual… não somos assim… nos completamos nas nossas diferenças e crescemos na medida que essas diferenças se conectam, a vida precisa de múltiplos olhares para que respostas sejam alcançadas.

Trazemos para o chão da escola esse conceito ingênuo de igualdade e temos dificuldades ainda em tempos atuais de alcançar o quanto crescemos nas nossas diferenças! O chão da escola é feito por gente, gente que pode fazer a diferença! E para que a inclusão seja garantida no chão da escola, nós que damos vida a ela, precisamos romper com o conceito da igualdade que nos constituiu enquanto gente e nos transformamos em gente que entende que todos precisam pisar esse chão! Que todos precisam e devem escrever suas histórias, seja com Plano de Ensino Individualizado, seja com Comunicação Alternativa, seja com muitas ou poucas adaptações mas escola é lugar de todos e na medida que construímos um espaço escolar fundamentado na garantia de direitos, também iremos nos transformando em gente que entende a essência de nos completarmos nas diferenças e assim seremos gente que sabe que antes de estarmos matriculados na escola acadêmica estamos todos matriculados na escola da vida, e com poucas ou muitas adaptações, é direito de todos nós pisarmos esse chão e escrevermos nossa história!

Respeitar as possibilidades de cada pessoa, romper com o capacitismo que possa ainda habitar em cada gente que faz a escola acontecer é sem dúvida a forma mais certa de garantir inclusão no chão da escola! Escola é direito de todos, pisar nesse chão é fundamental para nos constituirmos gente… gente que faz… gente que constrói… gente que escreve história de transformação e luta pelo direito à diversidade… chão da escola é direito de toda gente!

*Sobre a Autor

Neuropsicopedagoga, Especialista em Educação Especial e Inclusiva.

Coordenou equipe de acompanhamento do Instituto Helena Antipoff onde também atuou como Coordenadora das Classes Hospitalares e Equipe de Formação na Rede Municipal do Rio de Janeiro.

Atualmente é responde pela Educação Especial Inclusiva da rede Futuro Vip 

Idealizadora do Curso Inclusão na Prática – INP

@profclaudialinhares